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Vanderlei de Almeida, o Passa Cuia.

Veja as fotos que ilustram a minha história

MEU SANGUE É GAÚCHO e vermelho,  um eterno apaixonado pelo Rio Grande do Sul. Meus pais são de estados divididos, minha mãe de Ouro/Capinzal/SC e meu pai de Machadinho/RS, dois estados divididos apenas pelo Rio do Peixe.
Meu pai trabalhava com meu avô e acabou se casando com minha mãe e voltaram para o RS, onde fui gerado e nascido (Lajeado do Tigre). Poucos dias depois, minha mãe voltou para a casa de seu pai na comunidade de Barro Branco/SC, onde fui registrado no então distrito de Ouro, na época pertencente a Capinzal. 

Lá permaneci alguns anos, quando nasceram mais dois irmãos, já que na época a família aumentava a cada ano. Meus avós já haviam falecido e meus pais resolveram aventurar-se mudando de ares, vieram então para o Paraná. Primeiro para Itapejara do Oeste, depois para Dois Vizinhos, no sudoeste, sempre trabalhando na agricultura.
Fomos criados nos costumes do sul: consumindo bóias fortes e bem campeiras para suportar a labuta e o trabalho pesado (roçadas, carpidas, plantação de trigo, milho, feijão..., quase tudo com maquina manual, malhação de feijão a manguá, corte do trigo com a tradicional foicinha e tantos mais).
À noite dormia cedo, raramente podia escutar o velho rádio Semp ou Saturno que adorávamos com o programa: “Grande Rodeio Coringa”, na apresentação de Darci Fagundes na Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Meu pai, seu Eduardo, não permitia, era ordem severa: "dormir cedo para acordar cedo”. Pela manhã na mesma emissora era sagrado, na madrugada  ouvíamos “Teixeirinha e Mery Terezinha” “Amanhece Cantando”, isso era tão certo quanto ter que escutar em silêncio total o “Correspondente Renner” às 20h30 depois da “Voz do Brasil” e do “Projeto Minerva” na Rádio Guaíba.
Com o passar dos tempos fomos crescendo, a família aumentando, nossos pais trabalhando sempre na roça e de vez em quando o pai resolvia mudar de endereço, vendia suas terras num lugar e comprava em outro, a gente chorava muito por isso, quando se apegava ao lugar e fazia amigos tínhamos que mudar, minha mãe Dona Eva condenava suas atitudes, mas não adiantava, pois era a sua palavra e pronto, na época já tínhamos o costume de ouvir também a não menos famosa Rádio Nacional de São Paulo, com “Edgar de Souza”, e seu programa patrocinado pelo “Instituto Universal Brasileiro”  Linha sertaneja Classe “A”, e outros, era maravilhoso, mal podia esperar  a noite chegar.
Seu Eduardo gostava de carreiradas e briques, por isso às vezes tínhamos cavalos, vacas leiteiras e um bom rádio a  pilhas, e às vezes não, de vez em quando chegava das carreiras com muitas coisas que ganhava, mas na maioria das vezes já vinha com outros cavaleiros para buscarem nossas coisas que ele havia perdido,  assim, para não perdermos o programa quando ele perdia ou vendia o rádio, íamos de candeeiro aceso em punho pelas estradas na casa dos compadres e vizinhos fazer  filó e ouvir Leo Canhoto & Robertinho, Lourenço & Lourival, Abel & Caim, Vieira & Vieirinha, Tião Carreiro & Pardinho, Zé Tapera & Teodoro e muitos outros, caminhando as vezes até 5 quilômetros noite a dentro.
A família aumentava, as parteiras não paravam, quando não era na nossa casa, era na da vizinhança, e quando isso acontecia lá vinham eles: o casal de vizinhos para batizar em casa e assim sucessivamente. Lembro que alguns eram compadres duas ou três vezes, de lá e de cá. Nossos costumes antigamente eram sagrados, era tradição: quando se matava um porco principalmente, se dividia com todos, assim era também quando se entregava o trigo e se trazia de carroça farinha, se dividia com todos e a família vivia bem e mais feliz. Desde a infância para adolescência e juventude na roça procurava imitar os locutores, apresentadores e os cantores, meu sonho era ser que nem eles,  sonhava de graça sem sofrer e sem pressa, mas com muita convicção, era algo tranqüilo, parecia saber que o dia chegaria. E chegou mesmo.
Com 17 para 18 anos, morando em Foz do Chopim/PR, a Irmã Franciscana do Coração de Maria, Maria Ignes Mazzero me descobriu e levou-me para a Igreja e os grupos de jovens onde aprendi verdadeiramente o que é servir e ser útil. A ela devo quase tudo o que sou desde guri até os dias de hoje. Trabalhava na Madezzatti, uma empresa gaúcha do ramo de madeiras, como servente, depois como operador de plaina e nas horas de folga servia a comunidade. Rezava o terço todos os dias no alto falante da igreja local junto com amigos, inicialmente Ademir Brusque, depois com César Ecker, amigo querido até hoje. Quando falecia alguém na comunidade, eu batia o sino e anunciava para todos. Fundamos um grupo de jovens com eles e outros jovens da época chamado JUPIM, onde encenávamos parábolas, evangelhos, etc.,  em datas especiais como semana santa, páscoa, natal, ano novo e outros.
Passado um tempo resolvi ir embora, saí da Madezzatti para viajar naquela semana para Joinvile/SC, arrumar emprego de qualquer coisa e mais uma vez a  Irmã Ignes agiu rápido e na surdina me chamou e me mandou para a cidade de Dois Vizinhos falar com um secretário do Prefeito, José Ramuski Jr, que tinha um emprego na Prefeitura, onde passei a ajudar a legalizar os terrenos da Vila do Chopim e receber e enviar as correspondências dos moradores da pequena Vila. Aprendi a datilografar, digitar contratos e destratos, voltei então pra sala de aula e fui mudando de vida a cada dia, aí já tinha carteira assinada como escriturário.
Em 1982 com a participação do jovem e hoje diácono e jornalista, Osmar Vieira (atualmente residente em Colombo/PR) estreamos um programa semanal na Rádio Educadora de Dois Vizinhos, 25 quilômetros distante de Foz do Chopim, um programa direcionado aos jovens. Não existia faturamento, era tudo da rádio, íamos de carona, ônibus e até a pé, mas nunca faltava no programa, que se chamava: “Este Mundo Jovem”, era lindo, entrevistas, mensagens e participações. O programa durou uns dois anos depois Osmar ficou sozinho, pois fui contratado pelo Diretor da emissora, foi ali o começo, nunca mais parei. A Rádio Educadora de Dois Vizinhos foi a ponte para o início de tudo na minha vida. Valdir Luiz Pagnoncelli, Jayme Manoelo, Carlos Gonzaga, Afonsinho Schereiber, bem como os demais integrantes, direta ou indiretamente, eu jamais esquecerei, sou eternamente agradecido. No sofrimento, vinham as decepções e descobertas, nas ações, muitas falhas, mas no geral, muitos aprendizados, coragem e força para vencer.
Quando saí de Dois Vizinhos, no Paraná, era integrante de outro grupo de jovens: MOJOC (Nair, Bigu, Chico, João Paulo, Jocelaine, Frei Vicente, Dionísio, e Cia.), os jovens me acompanharam até a rodoviária cantando nossas canções e parti em lágrimas estrada a fora. Dali  para a rádio Difusora de São Mateus do Sul/PR, voltei para Salto do Lontra/PR, na Rádio Independência (Carlos Gonzaga) onde posteriormente, na Prefeitura, assumi como assessor de gabinete e Relações Públicas na gestão de Nelsi Coguetto Maria(Vermelho), uma pessoa entre tantas que tenho para sempre respeito, gratidão e amizade, por se tratar de um grande homem, um irmão e um grande caráter. Nesse período me candidatei a vereador em 1988, onde fiquei primeiro suplente, assumindo o posto por dois anos, além disso, fundamos um grupo de teatro chamado “Impacto” onde fizemos parte por muitos anos.
Realizei trabalhos nas cidades de Santa Isabel do Oeste/PR, na Rádio Danúbio Azul e Ampére/PR, na Rádio Ampére, esta de  Helio Alves, outra pessoa de caráter indiscutível, amigo irmão abençoado.
Em Santa Helena/PR fui diretor administrativo da Vermelho Construtora de Obras e locutor/apresentador da Rádio Grande Lago e Assessor de Imprensa da Câmara de Vereadores. Depois por indicação de Nelsi Coguetto Maria (Vermelho) para a Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu como Assessor do Vereador Altair José Fernandes, outro amigo de muitos anos e, na seqüência, sempre por benefício e bênçãos divinas, fui aceito depois de tantas tentativas por Roberto de Souza e Silvane Costa, onde realizei meu sonho de trabalhar na rádio que foi paixão e amor a primeira vista e vez que ouvi,  Rádio Mundial FM 95.7 ZPV 154, com a plena certeza do dever e compromisso de exercer minha profissão sempre com dignidade e honradez, na qual pretendo ficar por muitos e muitos anos. Hoje sou publicitário e comprometido cada vez mais com as coisas da comunicação, entretenimento e prestação de serviços à comunidade da fronteira (Paraguai, Brasil e Argentina).

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